Passado, presente, futuro. Criança, adolescente, adulta. É tendo como base reflexões acerca do tempo e dos moldes nos quais nos encaixamos para (sobre)viver em sociedade que Renata Buzzo - nossa parceira de temporadas e temporadas - reflete na passarela da Casa de Criadores por meio de suas peças de roupa.
Com uma sinceridade sem igual sobre si e exposta ali, para quem quisesse ver, Renata mostra que teve, durante sua vida, momentos sem profundidade e planificados, não por vontade própria, mas por entrar na onda de imposições sociais.
Essa sinuosidade de trajetória é materializada por meio do seu conhecido e reconhecido trabalho manual que, para a temporada, produz texturas que percorrem de maneira não linear as peças e expõe ali a tortuosa vida da estilista, que, em entrevistas, se compara ao quadro de pierrot da casa da tia: uma imagem caricata e triste.
O desfile foi norteado pela tristeza - sentimento inerente ao ser humano e também à Renata Buzzo e, por que não, a estilistas, músicas e artistas no geral - e embalado pela melancolia da trilha que, em dado momento, é tomada por falas com frases dizendo para “não se perder”, “não se envolver com pessoas erradas” e “não se tornar algo que não é”. Tudo isso com uma cartela de cores que, geralmente, não é associada à tristeza, como os tons pastel de azul e goiaba em Chiffon Saab visto nos vestidos.
Renata Buzzo encerrou um ciclo com este desfile e, ao que parece, agora pretende focar no presente, claro, sem esquecer do passado e com um olhar de boa estilista que é: lá no futuro.